Concepção, design e textos: David Angel Pallas

Colaboração em textos: Erika Santoro
.............................Gabi Goldenstein
.............................NPS Designer
.............................Maira Mattos
.............................Marc Gonçalves

sexta-feira, 20 de março de 2009

China reestrutura vestuário

A indústria têxtil e do vestuário chinesa está em clara transformação, numa altura em que se procura adaptar a fatores como o aumento nos custos da mão-de-obra, a valorização da moeda, a escassez de trabalhadores e um maior controle ambiental

Está acontecendo uma enorme transformação no setor do vestuário chinês, à medida que as empresas lutam para se manterem competitivas, num contexto marcado pelo aumento nos custos da mão-de-obra, valorização do yuan, escassez de trabalhadores e controle ambiental mais rígido. No entanto, conforme refere um artigo publicado pelo just-style, diversas empresas estão se transformando para conseguir ultrapassar esses desafios.

A transformação na indústria têxtil e de vestuário chinesa vai, provavelmente, continuar durante algum tempo, implicando o corte de centenas de milhares de postos de trabalho - sozinha, a reestruturação da Weiqiao, a maior empresa têxtil de algodão da China, originou o desemprego de 17.000 trabalhadores. Por outro lado, é amplamente partilhada a noção de que a presente crise irá resultar num setor mais eficiente e melhor adaptado para satisfazer a procura nos mercados externo e interno.

No entanto, a queda na competitividade internacional da indústria chinesa de vestuário está em forte contraste com a economia do país como um todo. Segundo o Global Competitiveness Report 2008-2009 do Fórum Econômico Mundial, a China entrou em 2008 para o Top 30 dos países mais competitivos, subindo quatro posições em relação ao ano anterior.

O país possui um acentuado crescimento nos mercados interno e externo, permitindo significativas economias de escala. A estabilidade macroeconômica continua também a ser uma fonte de vantagem competitiva, ao mesmo tempo que a inovação está se tornando numa nova fonte de competitividade.

Mas existe unanimidade na opinião de que a indústria do vestuário está perdendo a sua vantagem. Na última feira Intertextile Shanghai Apparel Fabrics, que decorreu em Outono de 2008, os representantes da indústria do vestuário no Vietnã, Camboja e Laos exprimiram a convicção de poder beneficiar com a diminuição da competitividade da China.

Com efeito, existem diversos fatores que mostram a superioridade competitiva da China no setor do vestuário. Um deles é o aumento no custo do trabalho. Segundo o Textiles Intelligence, os dados da Werner International revelam que o aumento médio anual dos custos laborais chineses durante 2004-2007 foi de 11,8% na região costeira e 14,6% no interior. Em 2008, estima-se que os custos trabalhistas chineses aumentem 20-25%. As leis de trabalho mais rigorosas, que foram introduzidas em Janeiro de 2008, estipulam um salário mínimo, horas extraordinárias fixas, indenização por demissão, cuidados de saúde e de acidentes e um plano de pensões para os trabalhadores. O Credit Suisse estima que estas leis, por si só, adicionam 15-20% ao custo de exploração na indústria de mão-de-obra intensiva e, para as pequenas e médias empresas exportadoras de vestuário, a sua aplicação surge num momento complicado.

Também a valorização do yuan, especialmente em relação ao euro, afeta a competitividade chinesa. Desde o início de Julho e até ao final de Outubro de 2008, o yuan valorizou quase 24% frente ao euro. Como a maioria dos exportadores chineses de vestuário aplica margens de lucro muito reduzidas, tais alterações cambiais podem se revelar fatais.

Um terceiro elemento que está prejudicando a indústria têxtil e de vestuário chinesa é o aumento nos custos das matérias-primas como algodão, poliéster e lã. Em 2007, só o custo das importações de algodão provenientes dos EUA aumentaram 286 dólares por tonelada.
Na segunda parte deste artigo, continuaremos a analisar os fatores negativos que estão afetando o setor de vestuário chinês.

Nenhum comentário: