Para driblar a crise financeira, muitas marcas estão adotando estratégias de expansão em mercados emergentes. Nike, Adidas, Zara e H&M são apenas alguns dos nomes que reforçam a sua presença no estrangeiro para combater a quebra do consumo interno
Uma série de eventos sem precedentes no setor financeiro dos EUA abalou o mercado mundial (ver Bolsa no varejo - parte 1). As empresas de moda americanas cotadas na bolsa foram forçadas a reagir imediatamente à volatilidade do mercado. A administração da Nike, por exemplo, aprovou um novo programa de quatro anos para a compra de ações no valor de 5 bilhões de dólares.
Ao nível do consumidor, esta crise dificilmente poderia chegar a um pior patamar, com a aproximação das épocas festivas como o Natal.
A National Retail Federation (NRF) prevê que as vendas nos EUA aumentem 2,2% na próxima época festiva, para os 470,4 bilhões de dólares, abaixo da média de 4,4% registrada há 10 anos e que significa o crescimento mais baixo desde 2002, quando as vendas da época festiva aumentaram apenas 1,3%.
«As atuais pressões fiscais e a falta de confiança na economia vão forçar os compradores a serem muito conservadores nos seus gastos na época de festas», afirma a economista-chefe da NRF, Rosalind Wells. «Os consumidores vão estar mais cautelosos nesta época e estarão menos dispostos a gastar em artigos supérfluos».
A NRF acrescenta ainda que, com a atual crise da indústria financeira abalando a confiança dos consumidores, não se prevê uma reviravolta econômica até ao segundo semestre do próximo ano.
Da mesma forma, também o porta-voz do British Retail Consortium, Richard Dodd, considera que «a agitação da bolsa nas últimas semanas vai diminuir ainda mais a confiança do consumidor. Isto torna os consumidores nervosos ainda menos dispostos a gastarem o dinheiro que têm».
Com efeito, o setor financeiro é uma das principais fontes de rendimento para as economias dos EUA e do Reino Unido, sobretudo agora que as suas fortes bases de produção - incluindo moda e calçado - se mudaram para o estrangeiro.
Levando em consideração o ciclo natural da economia, está claro em que fase (crescimento ou recessão) está o mundo ocidental. No entanto, mercados emergentes como o Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC) estão prontos para aproveitar esta mudança no poder econômico e dispostos, em contrapartida, a crescer.
Mais uma vez, a indústria da moda está totalmente ligada a esta mudança, e as redes de fast-fashion têm reforçado as suas posições na China, no Oriente Médio e na Rússia para compensarem as quebras de vendas nos seus mercados domésticos. Nos últimos meses, nomes como Iconix Brand Group, Berghaus, Uniqlo e Lindex investiram nestes mercados e iniciaram as suas operações nos países BRIC.
Por isso, pode ser que a natureza global da indústria da moda dê os seus frutos nestes tempos difíceis para a economia, com marcas bem conhecidas como a Nike e a Adidas, juntamente com redes como a Zara e a H&M, sendo capazes de lucrar nestes mercados em rápido crescimento.
Contudo, também é interessante ressaltar que, apesar da atual crise na economia americana ter enfraquecido a confiança dos consumidores, o retorno à sua forma habitual deve ser apenas uma questão de tempo.
Até lá, contudo, artigos como vestuário e calçado serão menos contemplados nos orçamentos das compras, sobretudo com relação ao aumento dos preços do petróleo.
Por isso, uma migração em curto prazo para os mercados emergentes pode ser uma forma lucrativa de varejistas e marcas sobreviverem nesse período em que até os bancos estão em crise.
FONTE: Portugal Têxtil
Edição Marcia Kimie
Foto: Reprodução
Há 16 anos
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