“Got no boundaries and no limits…If there's excitement, put me in it”.

David Angel Pallas
Frida Josephine McDonald nasceu 3 de junho de 1906 na cidade de Saint Louis no Estado americano de Missouri. Filha de de Carrie McDonald , uma lavadeira e de pai incerto ( alguns biógrafos afirmam que ela seria filha de Eddie Carson, um baterista de jazz e ator que foi certamente amante de sua mãe, ou de um vendedor ambulante de jóias ou ainda de um homem que viveu com sua mãe chamado Arthur Martin).
A Vênus Negra ou a Pérola Negra , como ficou conhecida anos mais tarde, teve uma infância difícil e pobre, no sul dos Estados Unidos, em Saint Louis, e às vezes dançava nas ruas para ganhar algumas moedas. Com a mãe e a irmã, trabalhou como empregada doméstica e lavadeira em casa de famílias abastadas da cidade. Em sua biografia ela relata as atrocidades que sofrera durante esse período, numa delas uma das senhoras para quem trabalhou chegou a lhe escaldar as mãos porque tinha gasto muito sabão.
Na Europa a Primeira Guerra Mundial tinha acabado em 1918, a noite fervilhava e a produção artística estava à mil devido a uma prosperidade econômica. Os espartilhos haviam sido abolidos, mudando a silhueta das mulheres que agora tinham cabelos curtos, dançavam o jazz e o charleston . As feministas queriam o sufrágio para poder votar como os homens. No meio dessa atmosfera, do burburinho das melindrosas da época, em 2 de outubro de 1925, Josephine Baker teve seu "debut" em Paris, no Théâtre des Champs-Élysées, fazendo imediato sucesso com sua dança exótica, aparecendo praticamente nua em cena, na platéia estavam sempre personalidades e formadores de opinião dentre eles os artistas Léger e Jean Cocteau, que virariam seus fãs e amigos.
Toda a apresentação de Baker era inovadora e exótica, a combinação de seu figurino ousadíssimo - uma saia feita de nada mais além de plumas - com seus movimentos desinibidos causou um frenesi antes nunca visto em Paris, influenciando a moda parisiense.
A mulher estava dando passos importantes rumo à independência, saindo das amarras do século XIX. Coco Chanel (futura amiga da diva nos anos seguintes) entrou em cena e mudou o jeito da mulher se vestir, com calças compridas e tailleur e a Pérola Negra com suas apresentações e seu jeito de encarar a vida ajudava a quebrar tabús. Não foi à toa que ela recebeu os apelidos de "Vênus negra" e "Deusa de ébano" e arrancou elogios de grandes personalidades e críticos. Extravagante e sensual, sempre se apresentando em trajes ousados, conquistou Paris e deixou muitos homens e mulheres apaixonados, alguns biógrafos chegam a afirmar que nesse período Chanel e ela tinham uma amizade “singular”.
As principais atrações de seus shows eram os bailados exóticos e os negros zulus, Josephine fazia uma dança selvagem, com as plantas do pé no chão e as pernas arqueadas, com os seios de fora e uma tanga de penas. Tinha orgulho de ser negra.
Desbocada e sexy, tornou-se estrela no ano seguinte, no Folies Bergères e no Cassino de Paris, conquistando mais fama logo. Sua primeira performance solo foi a famosa dança da banana, em que se apresentava vestida somente com uma tanga feita com as frutas. Ela rapidamente tornou-se a favorita da França. Ficou casada algum tempo com Pepito di Abatino.
Em 1929, após uma turnê na América do Sul, no navio que levava Mrs . Baker - "a mulher mais famosa do mundo" - para a Europa, foi palco para o encontro dela e do brilhante arquiteto Le Corbusier. Segundo a biografia escrita por Phyllis Rose, os dois talvez tenham sido amantes. É possível, porque o que não faltaram na vida da diva foram maridos e amantes. Além de Baker e Abatino, casou-se com Jean Lion, Joe Bouillon e Robert Brady. A lista de admiradores incluía Georges Simenon, Pablo Picasso, Alexander Calder, E. E. Cummings entre outros.
Com um salário confortável, a primeira diva negra do cinema e do teatro deu-se ao luxo de gastar com roupas, jóias e animais de estimação exóticos, como seu Leopardo chamado Chiquita(com a qual andava pelas ruas de Paris em uma coleira de brilhantes) e sua cobra chamada Kiki. Após estrelar em outros diversos shows em Paris, Josephine estabeleceu-se como a performer mais bem paga de toda a Europa e disputou o título de mulher mais fotografada do mundo com Mary Pickford e Glória Swanson. Ela estreou nos cinemas no início dos anos 30, nos filmes "Zou-zou" e "Princess tam-Tam"sucessos de bilheteria da época. Foi também nessa período que ela e sua autencidade e naturalidade inspiraram o padrão de modernidade criado por Chanel e foi ainda nessa fase que mudou-se com sua família para o Castelo de Les Milandes, em Castelnaud-Fayrac, na França.
Em 1936 ela então resolve retornar aos EUA para estrelar no Ziegfeld Follies, mas ao contrário do esperado, a população americana não aceitou ver uma mulher negra, sofisticada e poderosa como Baker no centro de um show de tamanho porte. Após críticas duras e racistas, Baker retornou para a Europa e muito magoada naturalizou-se francesa em 1937 .
Durante a 2ª Guerra Mundial, Josephine apresentou-se para tropas, tornou-se correspondente da resistência francesa e fez até mesmo parte da Força Aérea Auxiliar Feminina. Mais tarde ela foi condecorada com a Medalha da Resistência e nomeada pelo governo francês "Chevalier of the Legion of Honor". Nessa fase rompe a amizade com Coco Chanel devido aos boatos das relações da estilista com o Terceiro Reich.
Após a Guerra, a então musa de Dior ( Josephine foi também por diversas vezes, musa do célebre costureiro inventor do New Look) durante as décadas de 50 e 60 voltou aos EUA, sem se apresentar, e ajudou na luta contra o racismo e foi homenageada pela National Association for the Advancement of Colored People, tendo o dia 20 de Maio nomeado "Josephine Baker Day". Foi também nessa época que Baker começou a adotar crianças de diversas etnias e religiões, formando a família que ela carinhosamente chamava de "The Rainbow Tribe", que quase sempre a acompanhava em suas turnês.
No final dos anos 1960, passou por dificuldades financeiras e parou de se apresentar em 1968. Ao saber dos seus problemas financeiros a princesa Grace de Mônaco, sua fã, amiga e compatriota ofereceu-lhe uma casa no Principado e uma substancial ajuda. Ela então volta aos palcos para angariar fundos e pagar o “empréstimo de Grace”, como ela chamoucom seu jeito debochado e carinhoso a ajuda da amiga, se apresentando em diversas casas da Europa.
Em 1973 casou-se com Robert Brady e concorda em se apresentar no Carnegie Hall de N.Y. em comemoração aos seus cinquenta anos de carreira. Devido à sua última e traumatizante experiência nos EUA em 1936, ela fica apreensiva com a recepção do público e da crítica porém, dessa vez, ela foi recebida por uma platéia que a apaludiu de pé antes mesmo do concerto começar. Josephine ficou tão emocionada que chorou no palco. Na mesma turnê os aplausos seguiram-se na África do Sul, onde criticou o apartheid; no London Palladium, Inglaterra e em Mônaco, com grande sucesso.
No dia 8 de abril de 1975, Baker agora com 68 anos de idade, estréia no Bobino Theater, em Paris. Diante de celebridades como a Princesa Grace de Mônaco e Sophia Loren, ela apresentou um medley das principais coreografias e canções de seus 50 anos de carreira, obtendo as melhores críticas de sua vida artística. Dias depois, no entanto, Josephine entrou em coma após um derrame.
Em dia 12 de abril de 1975 Josephine Baker vem a falecer em Paris. Mais de 20.000 pessoas encheram as ruas da cidade luz para assistir à procissão de seu funeral. O governo francês honrou-a com uma saudação de 21 tiros, fazendo dela a primeira americana e única america a ter um funeral com Honras de Estado, após esta cerimônia seu corpo foi definitivamente sepultado em Monte Carlo a pedido da Princesa Grace.
Curiosidades:
Zandra Rhodes’ Conceptual Chic Collection, UK 1977
Zandra contemporânea de Vivienne Westwood, que defendia uma visão mais dura sobre o movimento, escapou da industrialização maciça e da ditadura do marketing de moda, tornando-se uma personalidade, não uma marca.
_ "Ter um Zandra Rhodes é para sempre!", afirmou certa vez a Princesa Diana, uma de suas clientes mais fiéis, até mesmo na década de 90, época de ostracismo em que foi subjulgada pela imprensa de moda internacional.
Um dos diversos vestidos de Zandra para lady Diana e Figurino "punk chic" para Freddie Mercury .
Figurino by Zandra de Aida no San Diego Opera
Eu mesmo, só tive um contato real com sua obra quando trabalhava como designer na equipe da querida Patrícia Viera, uma eterna mestra para mim, e ela resolveu fazer uma coleção autobiográfica para justificar um desejo fashion daquele momento, os anos 70.
Patrícia nos relatou que na década de 70, quando morava em Londres, teria tido os primeiros contatos com a moda sendo assistente da estilista Sally Mee e nas horas vagas modelo de prova de Zandra e de como as estampas da designer encantaram o seu "olhar", ficando muitas vezes por infinitas horas, após as provas de roupa, obervando a designer em sua etamparia, e de como essas horas de observação contribuiram para sua formação estética e na questão de como trabalhar com cores e grafismos, diga-se de passagem pouco se fala disso também na imprensa mas "Paty"(apelido que ela faz questão que qualquer um que trabalhe com ela a chame) é uma da maiores "coloristas" que já vi, ver esta designer montar uma cartela de cor é uma aula sem preço que nenhuma cadeira de faculdade realiza.
Estampa de Patrícia Viera homenageando sua "mestra" Zandra Rhodes. (foto:Marcio Madeira)
Particularmente, após uma ampla pesquisa que realizei para então coleção de Patrícia, fiquei encantado com o trabalho de Rodhes, e pude observar como ela foi influência para diversos designers e artistas plásticos internacionais. Para se ter uma idéia, quando ninguém pensava em moda étnica, nem mesmo YSL, ela já o fazia na década de 60 no inicio de sua carreira; foi ela que nos anos 70/80 inovou na estética de se usar as costuras aparecendo nas malhas , o que é muito comum e usado até hoje em dia em roupas streetwear e do "ready and easy to wear".
Criação dos anos 90 . Zandra após palestra no Fashion Textile Museum em 2007
Devido ao seu caráter contestador e por trabalhar a vertente Moda/Arte, por anos sempre ficou à margem da grande mídia da moda, mesmo sendo uma estilista-persona, tipo que já havia sido personificado por Coco Chanel e encontrou representantes até no Brasil, como Dener.
Zandra sempre usou cabelo colorido (verdão, rosa choque, vermelho radiante), maquiagem quase teatral, jóias e mais jóias, e modelos de suas próprias criações. Ela definitivamente foi e é a melhor divulgadora de seu próprio trabalho e o melhor suporte de suas criações.
Foto de divulgação no fim dos anos 90
Possivelmente por ter uma alma e linguagem singular, colorida, exuberante e até mesmo com uma pitada de latinidade, para uma designer inglesa, Zandra não teve o lugar de destaque que mereceu durante toda sua carreira. Sempre sendo vista como "a louca da moda londrina", Extravagância avec elegância! como muitos jornalistas aqui no Brasil definiram seu trabalho. Eu particularmente discordo, acho que é sim um caso clássico de não entender quem esta na frente do seu tempo, ou mesmo pegar uma borboleta tropical (Zandra) e coloca-la junto com várias outras do tipo Biston Betularia, aquelas mariposas escuras inglesas ( no caso outros designers ingleses contemporaneos a ela) não que uma seja mais bonita que a outra mas sim pertences a espécies diferentes.
Zandra Rhodes, nasceu em Chatham, Kent, na Inglaterra, estudou estamparia têxtil e litografia de 1959 a 1961, e começou sua carreira como estilista em plena swinging London, como Londres ficou conhecida nos anos 60, com as novidades nas artes em geral, e na moda em particular, que explodiam por palcos, ruas e lojas da cidade.Ali completou seus estudos, no Royal College of Art.
Os primeiros passos de sua própria marca aconteceram em 1968, depois que fabricantes ingleses considerarem seus desenhos em tecido muito escandalosos. No inicio de sua carreira, descontente com o uso que seus empregadores faziam de seus desenhos e ja que ninguém os quis, ela mesma decidiu costurar e vendê-los em sua primeira loja e casa na Fulham Road, ponto obrigatório para os modernos e originais do mundo inteiro na época junto com a BIBA.
Viajante sensível , suas criações sempre se inspiram na natureza e nas culturas dos lugares que visita. Dos índios americanos, passando pelo México e Índia, Zandra, hábil desenhista, cria desenhos têxteis, formas e cores extremamente sofisticados, que imediatamente transformam os modelos de suas coleções em peças especiais
Zandra em seu Estudio de San Diego- 2007.
Entretanto mesmo neste tempo afastada da grande mídia Rodhes continuou de pé e realizando diversos trabalhos na área de moda, estamparia, figurino passando pelo design de interiores e na educação através de cursos e palestras.
Terraço projetado por Rodhes para uma mansão da Califórnia
Preocupada com a preservação das criações de designers ingleses da atualidade, em 2002, Rhodes construiu, com a assinatura do arquiteto mexicano Ricardo Legorreta, um coloridíssimo edifício que além de órgão de documentação e preservação de moda, é um vivo centro de formação e intercâmbio para estudantes e profissionais da moda do mundo o todo o Fashion and Textile Museum, ao sul de Londres. Neste "instituto" (o local fica não longe da Tate Modern, o "the place to be" dos próximos anos ) ocorrem cursos, palestras e exposições dos mais renomados designers e as vezes contam com a presença colorida de Zandra, como professora ou organizadora de algo .
Onde ela conseguiu dinheiro para tudo isso em plena ostracismo? Tendo muita perserverança e jogo de cintura ao pedir verba aos milionários!
Fashion and Textile Museum
Rhodes é um exemplo de determinação e credibilidade que deve servir de inspiração para os que acreditam que fazer moda não é simplesmente render-se a tendências quase sempre comerciais e pouco originais, mas que fazer moda pode ser também fazer Arte.
Exemplo disto é a uma pequena coleção de beachwear composta por "sarongs" que Zandra preparou com exclusivamente para um novo site de compras londrino o Pret a Portobello. Com, uma iniciativa de fashionistas e lojistas da Portobello Road, em Notting Hil, onde a designer morou por 30 anos.
Além da coleção de Zandra o restante do site nem é la essas coisas, mas o que me chamou a atenção é a iniciativa desta designer, com 68 anos, em engajar-se em propostas que tenham como intuito a idependencia de designers junto à "maquina da moda".
Com poucos modelos a coleção vintage e exclusiva traduz com dignidade e singularidade o espirito livre de Rhodes em grafismos e cores na estamparia, mesmo para uma proposta modesta de um site de compras.
Em seda, os 4 modelos vintage de "sarongs" pintados a mão(fotos abaixo) e com tecidos nunca antes utilizados,do acervo pessoal de Zandra, são de quantia limitada, e possuem como tema de inspiração as viagens realizadas por Zandra na década de 70 ao México (peça negra), ao Japão (peça rosa e peça branca com estamparia azul) e à Austrália (peça branca colorida) as peças são verdadeiras obras de arte e da história do estilo Zandra Rodhes.
Façam-me o favor, estes foram os recursos mais óbvios que uma equipe de figurino poderia utilizar para esconder as imperfeições da baixinha. E nem venham falar nada, todo mundo tem imperfeição depois dos 40/45 principalmente com o biotipo dela e ao vivo não tem como para passar Photoshop - como diz minha amiga Clau : Photoshop, the best old man's friend !
Possivelmente Madonna vai suspirar muito e falar nessa Turnê: " Como era gostoso meu francês!"_ com saudades dos tempos que Gaultier mandava ver nos figurinos _ Ou: Cadê meus italianos! _tempos em que D&G realizavam suas obras.
Mas que uma "caquinha" podia pintar já era esperado, a própria responsável pelo figurino, Arianne Phillips, que há 11 anos trabalha como personal stylist de Madonna, afirmou em entrevistas que : “Normalmente nos preparamos durante Abril e Maio para uma estréia em Junho, mas dessa vez o show vai começar em Agosto, o que é um pesadelo. Todos os estilistas estão de férias na Itália e França, na beira da praia pegando sol.” (fonte:www.fashionbubbles.com)
Então a saída da gordinha foi : a grife Givanchy vai fazer dois figurinos, através do designer italiano Riccardo Tisci (que diga-se de passagem esta começando a engatinhar perante aos demais designers das grandes casas), o Tom Ford desenhara as roupas usadas pela banda ( isso sim pelas fotos dá para ver que estão maravilhosos), vamos fazer três modelos de sapatos feitos na Miu Miu, usar umas botas de cano longo da Stella McCartney, pegamos os óculos escuros da Moschino de coração e resto a gente garimpa com a Yves Saint Laurent, o Roberto Cavalli e o Jeremy Scott. Resultado: Salada Fashion total e sem nenhum GÊNIO (excessão obvio do Tom Ford) para dar uns toques na "rechonchuda" que parece irmã siamesa, tanto em gordura quanto em competência, com a gordinha do "Esquadrão da Moda".
Na boa e bem direto : Mandaram muito mal!
Tudo bem que todos os citados acima são profissionais "top, top, top de linha" e quem sou eu, um mero ex professor de moda e "designer tupiniquim latino carioca da silva", com anos luz de distância desses profissionais para falar e meter o "pau", mas Madonna merecia algo no mínimo GENIAL em termos de figurino e ainda mais para essa Turnê Mundial, provávelmente a sua última, ou vocês ainda possuem a "parca" esperança de que ela vai saculejar o "popozão" até os 60? Esqueçam né! Nem a Tina Turner conseguiu (e olha "naipe" e as pernocas da nega) não fazendo no palco nem a metade das estripulias que o público espera e obriga sempre de Madonna.
Entretanto pelas fotos, Giovanni Bianco, o brasileiro que assina a direção de arte do mais recente trabalho da cantora, “Hard candy”, e da turnê “Sticky & Sweet”, vai só receber os "parabéns" da titia pelo resto, e não pela parte da vestimenta e ainda vai chamar a "bunita" da Arianne ( o mulher feia) para uma conversinha. Show só se vê como um todo após a estréia, mesmo na super estrutura "Madonnesca".
Mas mesmo assim o espetáculo deve ser memorável e eu ainda sou fã da Titia. Aguardemos dezembro.
Vicente Gracia