Estou em uma Pousada lindinha na Ilha Grande e na companhia de um querido amigo, um "hermano de la vida", também designer de moda, que volta para Londres em alguns dias. Fim de Semana com amigo é sempre OCTHIMO ( ele escreve a palavra assim! Homenagem!)
O "bonito" está agora assistindo a performance olímpica de Daiane dos Santos, (eu batizeia atuação de "Perereca Brasileirinha". Para mim: Batidoo! Gravei até os passinhos na minha mente,mas para ele é novidade) e resolvi postar algo sobre a "Titia" Madonna que completa meio século de vida.
Nunca pensei que chamaria minha diva dos anos 80 e 90 de" titia". Tão pouco imaginei que estaria em um Fim de semana postando algo em um blog ( estou me disciplinando) . Tempos mudam e a "comemoração" merece não passar desapercebida.
Minha dúvida está sendo se começo a postagem por impressões pessoais, por ações transformadoras que a "pop" realizou ou mesmo uma análise ferrenha de quem é seu fã e se preocupa com o fim da carreira da "material girl" ( Fim de carreira sim pois ninguem é eterno). A "baixinha" pontuou minha vida, foi observando-a e sendo seu fã que assimilei valores, assim como muitos de minha geração.
Particularmente devido a ser seu fã, comecei a gostar de house music e não mais rock pesado, entendi coisas sobre a religiosidade, sexualidade e principalmente larguei uma vida no exterior e voltei para o Brasil no intuito de ver a "fofa" (gíria da época) e seu Girlie Show no Maracanã, em novembro de 1993, e acabei ficando.
Aliás tenho cada historia particular deste show que daria um livro. Só para ter uma idéia, vi parte do espetáculo na companhia de minha irmã, em cima do teto de uma ambulância da Golden Cross (já que amigos da extinta Dr Smith se recuperavam la dentro), eu trajava um short jeans,sem camisa (meu corpicho na época permitia, porém o coió foi inevitável algumas vezes, mas eu para variar, não tava nem ai heheheeh) coturnos e os cabelos verdes e raspados, ninguem tinha cabelito assim e eu voltava da europa onde trabalhava como Promoter. Agora ela volta e eu estou partindo novamente e não vou ver o "Hard Candy" da titia. !Loca vida, vida loca!
A "loira" rompeu tabus, mudou costumes, revelou uma nova estética, criou história, mas vale citar aqui alguns, muitas vezes esquecidos, devido à própria ideologia dos tempos pós - pós modernos que ela ajudou a implantar junto com outros formadores de opinião da geração posterior (Britney's, Aguillera's e Justin's da vida), a ideologia de viver o "AGORA" e esquecer o passado e o futuro. Vamos lá! Vai tudo misturado neste texto e sem cronologia:
Madonna e outros astros de sua geração (Cyndi Lauper , Paula Abdul, George Michael,Michael Jackson ...) introduziram uma contestação através da música e do comportamento contra a caretice norte-americana yuppie dos anos 80.
Ajudou na formação de nova forma de linguagem estética e de massa: os Vídeos Clipes .
Aliás o primeiro clip que vi na MTV foi "Like a Virgin". Eu tinha uns 12 anos, a MTV iniciava no Brasil em Canal Aberto (13 aqui no Rio) e eu pulava com o som e vendo as imagens de Veneza. No dia seguinte, peguei um terço coloquei no pescoço , fui para o colégio de freiras que estudava e tomei uma advertencia além de uns cascudos de minha mãe. Só não entendi o porquê de minha irmã, mais nova, a tal da ambulância e companheira nestas maluquices, não sofrer as mesmas conseqüências já que parecia a palhaça da Escola com um laçarote de tule na cabeça que mais lembrava a "Minnie Mouse".
Madonna mostrou ao mundo hipócrita oitentista, e principalmente para as mulheres, que sexo é bom e é possuidor de diversas facetas. Mostrou que este é tão normal quanto falar, comer, rir ... é fisiologico como ela afirmou em algumas entrevistas.Resgatou a liberdade sexual conquistada nos anos 60/70, repudiada hipócritamente no início dos 80 e a transformou com uma nova cara para os 90.Cantou seus abortos. Tomou muita porrada de Sean Pean no início de carreira e virou feminista pós moderna.
Camille Paglia, que em 1990 acreditava que Madonna constituía "o futuro de feminismo", criticou as fotografias recentemente reveladas da cantora sem maquilhagem e a capa de Hard Candy , "com aquela virilha exposta de forma ostensiva e a cara toda chupada, a revirar a língua (...), insistindo no sexo como se este fosse a última e desesperada razão para alguém comprar discos dela".
Já a influente pensadora Germaine Greer lamenta que Madonna não seja quem aparenta ser: "Já foi uma miúda de classe média a fazer-se passar por durona, uma miúda religiosa a fingir que não o era, uma púdica a fingir ser uma perveresa, uma maníaca do controle a querer passar por descontrolada".
De origem Latina e Católica, a "Ragazza Ciccone" rompeu com o vaticano ao mostrar que a religiosidade é uma coisa pessoal. Na mesma época mostrou que ser latina era bonito, muito embora sua latinidade sempre teve como parâmetro a hispanica ao invés da italiana. (Mera casualidade com o fato da numerosa população hispanica norte-americana sem icones fortes no cenário pop em meados dos anos 90? Creio que não.) Pena que isso tudo ela parece ter esquecido ao implementar essa nova fase "fake fria britânica", sua latinidade só é vista hoje nas "taturanas" a la Frida Kahlo que Lourdes Maria carrega no rosto. Viva Oscar de Leon, que deixou essa "marca" para a pequena lembrar da onde veio!
A diva mostrou ao mundo que gays existiam mais do que se imaginava e se aliou a eles em diversas ocasiões, combateu a discriminação contra os gays no início da epidemia da AIDS e segurou o mastro da bandeira da prevenção.
Falou abertamente da sua possível bisexualidade e das várias formas de prazer na cama, soltando o verbo em "In Bed With Madonna".Porém existe o peso de isto ser uma das mil e umas jogadas de Marketing da Pop já que era o auge dos seus escandalos e do fenômeno Lesbian Chic, tanto na moda quanto nos costumes de comportamento. De vez em quando ela recorre ainda a essas cartadas sexuais para causar um furor, embora tenha "encaretado" como muitos fãs afirmam.
Mudou de imagem quantas vezes desejou seu humor ou mesmo suas refências estéticas.
Criou designers! (ah?) , Sim repito। Criou Designers e ainda consolidou outros. Quem era D&G antes da celebre frase: Eu uso Dolce & Gabanna!, em "In Bed With Madonna" ? Usando uma camiseta basiquinha com o logo da marca e afirmando a frase ela tirou a dupla italiana do ostracismo. Quem foi que mostrou ao mundo ( eu falei mundo e não mundo fashionista) a existência de Jean Paul Gaultier através da Tournée "Blond Ambition"?
Madonna ditou moda. Criou moda. Se tornou uma das engrenagens da máquina fashionista.
Entretanto para a divina arte do capitalismo, seu maior feito não foi figurar nas diversas Vogues e Happers Bazaar, ser uma referência de estilo, mas sim por ter mudado a própria história da moda junto com outros formadores de opinião.
Antes de fenômenos sociais e culturais que começaram aproximadamente nos anos 80, numa incesante busca pela transformação na qualidade de vida do homem moderno, a moda tinha como motivações fundamentais e variantes: o exibicionismo e o pudor.
Em determinados momentos triunfavam o exibicionismo e em outros o pudor.
Em alguns momento, a roupa teve pouca importância, servindo somente para evidenciar o corpo. Em um extremo oposto: o corpo se tonava coadjuvante. Quando todo o efeito dependia da roupa.
Nos tempos modernos, graças ao furacão "Ciccone" e a outros como: "Fondas","Travoltas","Cher"... tivemos uma revalorização do corpo, colocando em evidência uma outra variante a JUVENTUDE.
Madonna Louise Veronica Ciccone Ritchie, vencedora de oito Prêmios Grammy, e de um Globo de Ouro e dois Oscar, foi todas as mulheres em uma só: Garota rebelde latina dos guetos nova iorquinos, idealista e sonhadora, puta (sem conotação pejorativa), romântica, centrada, religiosa, étnica, mãe e esposa. Porém está provando aos 50 anos do seu próprio remédio.
Uma diva não é deus e divas envelhecem.
Ao instalar a juventude e seu corpo como seu principal atributo de sua arte, a Senhora Ritchie esqueceu que iria envelhecer. Nem todas os Botoxs da vida, plásticas, pilates, vegetarianismos, rezas na Cabala e etc conseguem apagar as marcas do tempo.
Ela impos a todos nós a estética do corpo sarado e perfeito, a estética da juventude. Hoje sofremos a conseqüência de sua ditadura: Esquecemos de viver, esquecemos nosso passado e não gostamos de nossos corpos imperfeitos que envelhecem e não vemos beleza nisso.
Tenho medo de presenciar daqui a alguns anos a cena patética de uma senhora loira oxigenada, que mal consegue ter expressão facial devido a diversas intervensões cirúrgicas, com cara de marafona tentanto "dublar" Like a Virgin ao lado de Lourdes "Taturana" Maria.( Não é a toa que esta Musica não sai de seu repertório)
Tenho medo de que Madonna não saiba envelhecer com a dignidade de outros ídolos do pop como Tina Turner ou Mick Jagger, que não saiba a hora de parar ou mudar o foco sua carreira.
Termino este post com um momento de sua carreira, provavelmente um dos diversos caminhos que ela devia ter trilhado para envelhecer com dignidade de seus próprios ídolos e desejando parabéns para a TiTia.
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