No Brasil a imprensa de moda, pouco fala sobre Zandra Rhodes , embora aqui, ela também tenha fãs que a admiram e sofrem a influência de seu trabalho como por exemplo: Dudu Bertholini da Neon e a Chiara Gadaleta da Tarantula.
Zandra Rhodes’ Conceptual Chic Collection, UK 1977
Zandra contemporânea de Vivienne Westwood, que defendia uma visão mais dura sobre o movimento, escapou da industrialização maciça e da ditadura do marketing de moda, tornando-se uma personalidade, não uma marca.
_ "Ter um Zandra Rhodes é para sempre!", afirmou certa vez a Princesa Diana, uma de suas clientes mais fiéis, até mesmo na década de 90, época de ostracismo em que foi subjulgada pela imprensa de moda internacional.
Um dos diversos vestidos de Zandra para lady Diana e Figurino "punk chic" para Freddie Mercury .
Figurino by Zandra de Aida no San Diego Opera
Eu mesmo, só tive um contato real com sua obra quando trabalhava como designer na equipe da querida Patrícia Viera, uma eterna mestra para mim, e ela resolveu fazer uma coleção autobiográfica para justificar um desejo fashion daquele momento, os anos 70.
Patrícia nos relatou que na década de 70, quando morava em Londres, teria tido os primeiros contatos com a moda sendo assistente da estilista Sally Mee e nas horas vagas modelo de prova de Zandra e de como as estampas da designer encantaram o seu "olhar", ficando muitas vezes por infinitas horas, após as provas de roupa, obervando a designer em sua etamparia, e de como essas horas de observação contribuiram para sua formação estética e na questão de como trabalhar com cores e grafismos, diga-se de passagem pouco se fala disso também na imprensa mas "Paty"(apelido que ela faz questão que qualquer um que trabalhe com ela a chame) é uma da maiores "coloristas" que já vi, ver esta designer montar uma cartela de cor é uma aula sem preço que nenhuma cadeira de faculdade realiza.
Estampa de Patrícia Viera homenageando sua "mestra" Zandra Rhodes. (foto:Marcio Madeira)
Particularmente, após uma ampla pesquisa que realizei para então coleção de Patrícia, fiquei encantado com o trabalho de Rodhes, e pude observar como ela foi influência para diversos designers e artistas plásticos internacionais. Para se ter uma idéia, quando ninguém pensava em moda étnica, nem mesmo YSL, ela já o fazia na década de 60 no inicio de sua carreira; foi ela que nos anos 70/80 inovou na estética de se usar as costuras aparecendo nas malhas , o que é muito comum e usado até hoje em dia em roupas streetwear e do "ready and easy to wear".
Criação dos anos 90 . Zandra após palestra no Fashion Textile Museum em 2007
Devido ao seu caráter contestador e por trabalhar a vertente Moda/Arte, por anos sempre ficou à margem da grande mídia da moda, mesmo sendo uma estilista-persona, tipo que já havia sido personificado por Coco Chanel e encontrou representantes até no Brasil, como Dener.
Zandra sempre usou cabelo colorido (verdão, rosa choque, vermelho radiante), maquiagem quase teatral, jóias e mais jóias, e modelos de suas próprias criações. Ela definitivamente foi e é a melhor divulgadora de seu próprio trabalho e o melhor suporte de suas criações.
Foto de divulgação no fim dos anos 90
Possivelmente por ter uma alma e linguagem singular, colorida, exuberante e até mesmo com uma pitada de latinidade, para uma designer inglesa, Zandra não teve o lugar de destaque que mereceu durante toda sua carreira. Sempre sendo vista como "a louca da moda londrina", Extravagância avec elegância! como muitos jornalistas aqui no Brasil definiram seu trabalho. Eu particularmente discordo, acho que é sim um caso clássico de não entender quem esta na frente do seu tempo, ou mesmo pegar uma borboleta tropical (Zandra) e coloca-la junto com várias outras do tipo Biston Betularia, aquelas mariposas escuras inglesas ( no caso outros designers ingleses contemporaneos a ela) não que uma seja mais bonita que a outra mas sim pertences a espécies diferentes.
Zandra Rhodes, nasceu em Chatham, Kent, na Inglaterra, estudou estamparia têxtil e litografia de 1959 a 1961, e começou sua carreira como estilista em plena swinging London, como Londres ficou conhecida nos anos 60, com as novidades nas artes em geral, e na moda em particular, que explodiam por palcos, ruas e lojas da cidade.Ali completou seus estudos, no Royal College of Art.
Os primeiros passos de sua própria marca aconteceram em 1968, depois que fabricantes ingleses considerarem seus desenhos em tecido muito escandalosos. No inicio de sua carreira, descontente com o uso que seus empregadores faziam de seus desenhos e ja que ninguém os quis, ela mesma decidiu costurar e vendê-los em sua primeira loja e casa na Fulham Road, ponto obrigatório para os modernos e originais do mundo inteiro na época junto com a BIBA.
Viajante sensível , suas criações sempre se inspiram na natureza e nas culturas dos lugares que visita. Dos índios americanos, passando pelo México e Índia, Zandra, hábil desenhista, cria desenhos têxteis, formas e cores extremamente sofisticados, que imediatamente transformam os modelos de suas coleções em peças especiais
Zandra em seu Estudio de San Diego- 2007.
Ano passado, quando voltou após 20 anos as passarelas londrinas, depois de ter relançado sua marca há alguns anos, pouco se falou dela na imprensa, no brasil então quase nada,a não ser que tinha sido muito famosa nos anos 70 e era a inventora do o inconfundível "look dos trapos"(na realidade o punk chic) com trabalhos esburacados, com bainhas em franjas e debruados com penas e borlas e que já vestira Natalie Wood,Princesa Diana ,Bianca Jagguer e Andrea Dellal 'Rio - assim conhecida quando modelo' ( as 2 últimas também foram suas modelos em início de carreira e sempre admiradoras, amigas pessoais e admiradoras do trabalho da estilista).
Entretanto mesmo neste tempo afastada da grande mídia Rodhes continuou de pé e realizando diversos trabalhos na área de moda, estamparia, figurino passando pelo design de interiores e na educação através de cursos e palestras.
Terraço projetado por Rodhes para uma mansão da Califórnia
Preocupada com a preservação das criações de designers ingleses da atualidade, em 2002, Rhodes construiu, com a assinatura do arquiteto mexicano Ricardo Legorreta, um coloridíssimo edifício que além de órgão de documentação e preservação de moda, é um vivo centro de formação e intercâmbio para estudantes e profissionais da moda do mundo o todo o Fashion and Textile Museum, ao sul de Londres. Neste "instituto" (o local fica não longe da Tate Modern, o "the place to be" dos próximos anos ) ocorrem cursos, palestras e exposições dos mais renomados designers e as vezes contam com a presença colorida de Zandra, como professora ou organizadora de algo .
Onde ela conseguiu dinheiro para tudo isso em plena ostracismo? Tendo muita perserverança e jogo de cintura ao pedir verba aos milionários!
Fashion and Textile Museum
Rhodes é um exemplo de determinação e credibilidade que deve servir de inspiração para os que acreditam que fazer moda não é simplesmente render-se a tendências quase sempre comerciais e pouco originais, mas que fazer moda pode ser também fazer Arte.
Exemplo disto é a uma pequena coleção de beachwear composta por "sarongs" que Zandra preparou com exclusivamente para um novo site de compras londrino o Pret a Portobello. Com, uma iniciativa de fashionistas e lojistas da Portobello Road, em Notting Hil, onde a designer morou por 30 anos.
Além da coleção de Zandra o restante do site nem é la essas coisas, mas o que me chamou a atenção é a iniciativa desta designer, com 68 anos, em engajar-se em propostas que tenham como intuito a idependencia de designers junto à "maquina da moda".
Com poucos modelos a coleção vintage e exclusiva traduz com dignidade e singularidade o espirito livre de Rhodes em grafismos e cores na estamparia, mesmo para uma proposta modesta de um site de compras.
Em seda, os 4 modelos vintage de "sarongs" pintados a mão(fotos abaixo) e com tecidos nunca antes utilizados,do acervo pessoal de Zandra, são de quantia limitada, e possuem como tema de inspiração as viagens realizadas por Zandra na década de 70 ao México (peça negra), ao Japão (peça rosa e peça branca com estamparia azul) e à Austrália (peça branca colorida) as peças são verdadeiras obras de arte e da história do estilo Zandra Rodhes.
Um comentário:
Obrigado por Blog intiresny
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